quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Interior: promotor critica “ausência” da Polícia Civil


O crescimento da violência no interior do Rio Grande do Norte se dá por causa da impunidade, uma vez que os crimes não são investigados. Essa é a opinião do promotor de Justiça Wendell Beetoven Ribeiro Agra, que atua na área criminal. Para o representante do Ministério Público, o maior problema da segurança no interior do Estado é a “quase ausência” da Polícia Civil.“A Polícia Civil tem como principal atribuição a investigação de crimes. Como ela não está presente na maioria dos municípios do nosso Estado, os crimes ou boa parte deles não são investigados. Sem a investigação, não se chega ao autor do crime e ele fica impune. E a impunidade é o maior atrativo para o crime”, explicou Wendell Beetoven.Wendell Beetoven é promotor de Justiça com atuação em Natal, mas mantém contato com outros promotores de outras comarcas. “Os meus colegas reclamam muito dessa ausência da Polícia Civil. E isso não foi resolvido ainda por falta de pessoal. Faltam policiais para o interior”.O promotor lembrou que, historicamente, a Polícia Militar era a quem “apurava” crimes no interior. “Mas isso foi mudado devido a uma ação que o Ministério Público moveu contra o Estado para se acabar com essa irregularidade. Acontece que com esse impedimento, praticamente acabaram-se as investigações de crimes”.Wendell Beetoven disse que a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed) até remanejou delegados para responder por todas as cidades do Estado. “Mas muitos deles ficaram responsáveis por várias delegacias e não houve um remanejamento também de agentes e escrivães. Um delegado não tem como investigar um crime sozinho, ainda mais se responde por mais de dez delegacias”.O promotor falou que o trabalho da Polícia Civil se resume às grandes cidades do Estado. “Bem ou mal, há trabalhos investigativos em Natal, Mossoró, Caicó e em mais algumas poucas cidades. Nas demais, quando se faz algo, faz-se apenas o básico”.Para ele, esse problema só será resolvido com a interiorização da Polícia Civil. “E isso só será possível com o aumento do efetivo. Basta ver que passamos 13 anos sem concurso para a Polícia Civil. Ou seja, o número de agentes, escrivães e delegados não acompanhou o crescimento do Estado”.Wendell Beetoven frisou que o trabalho da Polícia Militar também é precário. “Mas mesmo assim, há de se registrar o mérito da PM. Bem ou mal, é ela quem faz o trabalho ostensivo e preventivo no em todo o Estado. Se não fossem os policiais militares, com certeza a criminalidade no interior do Rio Grande do Norte estaria bem pior”, concluiu.

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