Jovens que mataram borracheiro serão internadas

Fernanda (nome fictício) relata como, junto com a amiga, mataram o borracheiro Aldecir da Costa Silva

Liberadas após prestarem depoimento na 1ª Delegacia de Parnamirim, na Grande Natal, duas adolescentes, uma de 15 e outra de 16 anos, que confessaram o assassinato do borracheiro Aldecir da Costa Silva, 55 anos, devem ser internadas provisoriamente. Pelo menos, é o que vai pedir o delegado responsável pelo caso, Graciliano Lordão, que deve concluir as investigações sobre o latrocínio – roubo seguido de morte - ainda hoje.

“Elas não chegaram a ser apreendidas, pois não houve flagrante. Foram convocadas para prestarem depoimento, ficaram na delegacia junto dos pais e, após algumas perguntas, confessaram que realmente mataram o borracheiro para roubar a moto dele. Estou entregando o laudo e vou pedir sim a internação das duas, pois mostraram ser um perigo para a sociedade”, afirmou o delegado. O latrocínio aconteceu na Lagoa das Viúvas, no bairro de Santa Tereza, em Macaíba, na Grande Natal, no dia 23 de fevereiro. Aldecir da Costa estava separado da mulher há cerca de dois anos e, na tarde deste dia, se encontrava bebendo em um bar, quando foi abordado pelas duas adolescentes. Elas o chamaram para sair na moto Traxx dele e, no caminho para a casa da vítima, pediram parada: uma delas queria ir ao “banheiro” às margens da lagoa. Foi neste momento que o borracheiro foi esfaqueado pelas duas garotas. O corpo dele foi jogado na lagoa, junto com uma das armas do crime, uma faca peixeira - a outra, uma serra, continuou com as garotas. Após matar o homem de 55 anos, as garotas fugiram na moto roubada e foram até à casa onde moravam sozinhas, que havia sido alugada recentemente por elas. Trocaram de roupa, passearam no veículo roubado e, só depois, foram em busca do suspeito de tráfico de drogas, Bruno Xavier Brás, 20 anos, procurando vender a moto. A intenção das duas adolescentes era, com o dinheiro, conseguir pagar o aluguel. Mas não foi como o planejado. Bruno pagou apenas R$ 20 pela Traxx e pouco ajudou as garotas. Graciliano Lordão ouviu moradores da vizinhança para, então, pedir o depoimento das duas garotas, que surpreenderiam o experiente delegado. “Em 26 anos de polícia, nunca vi algo tão bizarro como isso. São duas adolescentes frias e cínicas, que não mostraram nenhum respeito pela vida. Confessavam a morte rindo, como se fosse uma vantagem”, afirmou Lordão. Além de confessar o crime, as duas ajudaram a Polícia a encontrar Bruno Xavier, também conhecido como “Bruno Dedão”, que foi preso e autuado em flagrante por receptação. “Não havia nada com ele que caracterizasse o tráfico de drogas, apesar de existir a suspeita de que ele é traficante”, afirmou o delegado, que disse ainda que uma das garotas confessou ser usuária de crack.

“Estou arrependida. Não posso sair de casa” do lado de dentro da casa, ela olhou pela brecha da janela, tentou se esconder e mandou dizer que não estava, mas, acabou “abrindo o jogo” e contando detalhes de um crime brutal que foi protagonista ao lado de uma “amiga”.

Como determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) , a identidade da menor de 14 anos que assassinou o borracheiro Adelci da Costa Silva, 55, terça-feira dia 23 de fevereiro, na Lagoa da Viúva, em Parnamirim, não será divulgada. A jovem será Fernanda (nome fictício). Com cerca de 1,50 de altura, morena, cabelos lisos, na altura dos ombros, pintados com um tom de vermelho escuro, vestida com uma blusinha curta e um mini-short deixava à vista o belo corpo. Arredia, foi monossilábica no início, porém, depois mais à vontade, contou o que aconteceu naquela tarde, na noite quando matou o borracheiro e a sequência dos fatos. Sentada em um banquinho, ao lado do pai, o marceneiro Daniel Francisco do Nascimento, 46, afirmou, primeiramente, que não tinha matado o borracheiro, mas, após a intervenção de Francisco, resolveu falar a verdade. “Quem começou a matar foi a Patrícia (nome fictício da cúmplice que tem 16 anos). Eu só dei facadas nas costas (Aldeci foi atingido por golpes nas costas e peito)”.

Fernanda contou que ela e a amiga foram até o bar onde estava a vítima e, após beberem seguiram para a casa do borracheiro. “Lá, ele transou com Patrícia”.

Questionada se ela também teria mantido relações sexuais com Aldeci, Fernanda pensou e respondeu negativamente. “Eu fiquei no banheiro esperando”. Em seguida, Patrícia teria ligado para um traficante identificado como “Dedão” e dito que iria roubar o borracheiro. “Ela dizia: Vamos matar o velho, roubar o celular e o dinheiro”.

Passado algum tempo, Fernanda e a amiga decidiram pedir para que a vítima as levassem até a a Lagoa da Víuva. “Fomos todos na moto Traxx que ele tinha. Na Lagoa pedi que ele parasse. Patrícia aproveitou e deu uma facada nas costas dele. Eu fiz o mesmo. O velho caiu” Aldeci teria pedido para não ser morto. “O velho pediu para não morrer, mesmo assim ainda demos mais umas facadas. Patrícia jogou o corpo dele na Lagoa” Fernanda contou que Patrícia repassou a Traxx para o traficante “Dedão” que pagou R$ 20 pela moto e teria vendido para uma outra pessoa por R$ 250. “Ele nem queria pagar, mas disse que só sairia da boca (de fumo) se ele pagasse. Estava armado e drogado. Ele acabou pagando” Fernanda lamentou o crime: “Estou arrependida. Não posso sair de casa. Denunciei “Dedão” à polícia. Ele está preso e disse que vai mandar me matar” O pai da menor revelou que está envergonhado. “Nunca permiti nada de errado dentro de casa. Dei muitos conselhos mas não adiantou. Ela tem que cumprir a pena que a justiça determinar. Não consigo acreditar que minha filha cometeu um crime tão bárbaro. Em toda minha vida nunca havia entrado em uma delegacia” Além do pai e da mãe, Fernanda mora com mais cinco irmãos de seis, nove, 11, 16 e 17 anos e a sobrinha de um ano.

(Ohama)

Fonte: tribunadonorte