quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Bombeiros apontam possíveis falhas



Oficial dos Bombeiros explica o que poderia ter provocado a explosao que feriu 46 pessoas em Boa Saude

O Corpo de Bombeiros Militar divulgou na manhã de ontem o laudo do acidente ocorrido na cidade de Boa Saúde, a 69 km de Natal, na terça-feira (2), no último dia de comemoração da festa da padroeira local. Com o laudo, ainda não é possível afirmar o que realmente causou a explosão que feriu 46 pessoas, mas já se pode apontar várias irregularidades no manuseio dos fogos de artifício utilizados para a realização do show pirotécnico.Na inspeção, o Corpo de Bombeiros constatou duas hipóteses para o acidente. Uma que aponta a falha no produto (na bomba) e outra resultante de erro do operador. "Os erros constatados serão anexados ao inquérito civil que está sendo movido para a investigação do caso. Porém, somente com o laudo do Instituto Técnico-Científico de Polícia, poderá realmente ser apontado o que causou a explosão", contou o coronel do Corpo de Bombeiros, Cláudio Christian.Entre as falhas encontradas nos produtos, estão a insuficiente carga de impulsão - que impossibilita que a bomba suba até a altura esperada para explodir; e a espoleta com elevado tempo de detonação - que permite o rojão estourar apenas quando estiver já na desdente. No laudo foi registrado ainda o encontro de um morteiro de papelão estourado, levando a entender que no local aonde foram reparados os fogos para o show, ocorreu uma explosão acidental - que não está necessariamente relacionada à explosão ocorrida no quiosque e que feriu as pessoas na praça.Nas falhas observadas pelo Corpo de Bombeiros, estão a utilização de bombas com diferentes calibres - a maioria de três polegadas, mas havia também algumas com cinco polegadas e outras menores; e a reutilização de tubos de lançamento mais vezes que o recomendado, ocasionando a fadiga do material no momento da detonação. Se tratando de morteiros de três polegadas, outra falha ainda foi constatada pelos Bombeiros. Neste caso, os fogos deveriam estar a, pelo menos, 75 metros da multidão. No entanto, estava em uma quadra de esportes dentro de uma escola a menos de 50 metros de onde estava acontecendo a festa. "Pela quantidade de objetos que estavam no local e a força da explosão, para mim, a quantidade de feridos ainda foi pouca no acidente. Poderia ser uma tragédia ainda maior", afirmou o coronel, se referindo ao grande número de pedras e de objetos plásticos - cadeiras e mesas - que estavam junto à multidão e que poderiam ter ferido mais pessoas.Houve falhas também na preparação dos fogos de artifício. As bases utilizadas para apoiar os morteiros era pedras, armações frágeis e até mesmo areia - alguns tubos eram parcialmente enterrados como forma de apoio. "Percebemos também uma inclinação nessas bases, o que mostra a imperícia do responsável pelos fogos. Pedimos à empresa que nos apresentasse o blaster que preparou o show pirotécnico, mas não obtivemos resposta", afirmou o coronel.Baster é o profissional habilitado pelo exército para manusear fogos de artifício. A Lei Nº 9.187, em vigor desde julho de 2009, e que dispõe sobre medidas de segurança contra incêndios pertinentes a espetáculos pirotécnicos, exige que a empresa contratada para a realização de shows pirotécnicos tenha uma pessoa com essa habilitação. "Constatamos ainda que a empresa não tinha o alvará da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Dame) para a comercialização de fogos de artifício".

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