domingo, 28 de fevereiro de 2010

Sete presos em conflito entre sem-teto e PM


Policiais militares integrantes do Grupo Tático de Combate (GTC) foram acionados na manhã de ontem para impedir a permanência de dezenas de famílias em área localizada na RN-110, saída para Upanema, próximo ao bairro Sumaré. A ação culminou com a prisão de sete homens em flagrante e a detenção de mais três.
A área é alvo de conflito entre os sem-teto e os herdeiros da propriedade, que disputam na Justiça o direito à posse há mais de dois anos.
Um dos articuladores do movimento é Francisco de Assis, conhecido por se envolver com movimento estudantil e emissão de carteiras de estudante em anos anteriores na cidade de Mossoró. Segundo ele, a Polícia chegou ao local usando da força para retirar os sem-terra e disparando tiros.
O advogado que defende a causa dos sem-teto, Kennedy Salvador, explica que a família que pede a reintegração da posse já deu entrada com quatro ações na Justiça, mas ainda não conseguiu o mandado de reintegração em nenhuma audiência e que as famílias têm direito a ficar no local.
"Como a família ainda não conseguiu na Justiça, está apelando para a força policial, que fez a operação sem ter nenhum mandado judicial de reintegração de posse. O que aconteceu por parte da Polícia contra os sem-teto foi um absurdo e totalmente ilegal, alegando que eles invadiram uma área nova, quando na verdade eles estão na área há mais de dois anos", defende o advogado.
A versão apresentada pelo delegado Caetano Baumman, na Primeira DP, é a de que uma parte da área conflituosa foi doada pelo proprietário há alguns anos aos sem-teto e que eles decidiram vendê-la.
"Agora, o mesmo grupo de pessoas está se apossando da outra parte do terreno, que é a área dos herdeiros, uma área nova, e a família está usando dos recursos para impedir isso. Sabemos que a maioria deles não são sem-teto e os que estão à frente são antigos nessa prática de se apossar de áreas para depois vender. No momento em que o GTC chegou ao local foi hostilizado por pessoas que atiraram pedras nas viaturas e ameaçaram os policiais, que autuaram o flagrante", explica Baumman.
O tenente Almeida, que esteve à frente da operação, explica que o GTC foi acionado diante do número expressivo de pessoas na área, e na chegada dos policiais várias pessoas estavam derrubando cerca, fazendo fogueira, impedindo a passagem dos policiais, que foram hostilizados com pedras.
"Fizemos disparos para cima, um procedimento permitido para garantir a integridade dos policiais e do patrimônio público, no caso as viaturas. Por isso conduzimos dez pessoas à delegacia para os procedimentos cabíveis", completa Almeida.
Os sete homens presos serão autuados em flagrante por formação de quadrilha e serão transferidos para a Cadeia Pública de Mossoró. O advogado que defende os sem-teto deu entrada com habeas-corpus pedindo a liberação dos que foram presos e os familiares e demais integrantes do grupo dos sem-teto se aglomeravam em frente à delegacia para pressionar a liberação dos presos.

Fonte: http://www.defato.com/popular.php#mat3

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