quinta-feira, 11 de março de 2010

Cresce violência praticada por adolescentes em Natal


Julio Costa diz que mesma tendencia é verificada quanto a furtos e roubos
Uma tendência preocupante tem sido registrada pela Delegacia de Atendimento ao Adolescente Infrator (DEA) em Natal. Cresce o registro de crimes praticados por adolescentes na capital, principalmente os crimes contra a vida - homicídios e tentativas de homicídio. Em 2005, os inquéritos remetidos pela DEA à Justiça por esse tipo de infração foi de 22, enquanto que em 2008 foram 77. Mesmo não tendo ainda o quantitativo do ano passado, ele adverte que os registros seguem no mesmo patamar.
O delegado Júlio Costa ressalta ainda que os crimes de roubo e furto seguem como os de maior incidência entre os adolescentes. Segundo ele, em 2005 foram enviados à Justiça pela DEA 306 inquéritos de crime contra o patrimônio, contra 520 em 2008. "Temos notado que, durante os últimos anos, há um aumento no número de crimes de maior potencial ofensivo, como o assalto e o homicídio, praticado pelos jovens. Antigamente, o comum era ver esses jovens envolvidos com pequenos furtos. Hoje podemos perceber que alguns chegam a comandar pontos de venda de drogas".
Segundo o titular da DEA, a faixa etária de maior incidência está entre os 16 e 17 anos. "E quando estão próximos a atingir a maioridade, com sua estrutura intelectual praticamente formada, alguns passam até a liderar facções criminosas, como quadrilhas especializadas em assaltos". A maioria, chegando a 90%, diz ele, são de jovens que cresceram em famílias desestruturadas ou sem famílias, morando nas comunidades mais carentes da periferia e com pouco acesso ao estudo. "A maioria tem o ensino fundamental incompleto, frequentando apenas até o terceiro ou quarto ano". Júlio Costa ainda destaca que 47% desses adolescentes foram detidos na Zona Norte da capital, onde a polícia também tem registrado os maiores índices de violência.
O delegado acredita que a ausência de políticas públicas para a juventude, no sentido de tirá-los da influência da criminalidade, contribui para o crescimento das estatísticas. "Faltam opções para os jovens, que vivem nos bairros mais fragilizados, no sentido da segurança pública, e não têm acesso à boa educação, para saírem desse meio, tão influenciado pelo tráfico de drogas". Ele também acha necessário que haja trabalhos feitos pela inteligência da polícia para coibir o acesso ilegal desses jovens às armas.
Maioridade penal
Júlio Costa se diz contra a redução da maioridade penal. "É notável que o sistema penal que temos hoje não tem a estrutura adequada para ressocializar efetivamente o cidadão preso. Contudo, no sistema socio-educativo, que assiste a esses jovens infratores, mesmo com todas as suas dificuldades, tem uma taxa bem melhor de recuperação. Os índices de reincidência dos adolescentes na criminalidade são bem menores".
Números de Inquéritos remetidos à Justiça pela DEA a partir de infrações praticadas por adolescentes
Crimes contra a vida:
2005 - 22
2008 - 77
Crimes contra o patrimônio:
2005 - 306
2008 - 520
(OHama)

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